domingo, 24 de outubro de 2010

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Sombras, vultos, formas estranhas e desconexas. Estar no mundo parecia cada vez mais difícil. Assim era acordar. Uma volta ao útero, ou melhor, uma volta à saída dele. Difícil entender como uma menina tão jovem, de tão poucos anos, uns 16 no máximo, podia ter tanto medo do novo e do amanhã. Seu mundo era preto, sombrio e por que não dizer, nefasto. Suas cores eram acromáticas. Possuía na pele o branco pálido dos dias frios e em torno dos olhos o preto arroxeado do luto. Não tinha amigos. Achava que não devia se apegar as pessoas. Elas sempre morrem. Não gostava da vida, mas odiava com muito mais força a idéia de que tudo morre. Gostava de andar. Gostava igualmente do efeito das drogas e dos comprimidos que usava. Não a deixavam feliz, mas tinham poder anestésico.

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