sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Poeta Convidado

Encanto

A fitar aqueles olhinhos fechados
O olhar abobalhado e fixo
Perdia-se ele num mar de não pensamentos
A imagem trazia-lhe uma incomum tranqüilidade
Afastava-lhe o sono dispensável
Como se necessário fosse guardar cada segundo

Os ouvidos a sondar o ar
No entra e sai musical
Ora acelerando, ora diminuendo
A respiração serena
Sob a regência hipnótica O coraçãozinho maestro

Havia também o calor mágico
Sua pele apenas o sentia
Embora não soubesse se exalava
Ou se apenas absorvia
Ele somente se deixava abarcar
Sem um mínimo esforço furtivo daquele encanto

Deixava-se invadir por aquele perfume
Sugava-o com tal voracidade para dentro de si
Como se o desejasse aprisionar em seus pulmões
Fazê-lo mesclar-se ao âmago de sua constituição
Respirava-o conforme a melodia, pianíssimo
Em seu peito dobrava o suave ritmo do regente

Uma inquietude lhe preenchia a boca
A vontade gulosa ao cair sensivelmente os olhos
Queria beijar os doces lábios cor de morango
Lutava consigo enquanto se aproximava
O esforço em conter-se era incomensurável
Mas a magia permaneceria intacta (...)


Vinicius Rucci

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